OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





terça-feira, 26 de abril de 2011

NAS TRINCHEIRAS DAS PAIXÕES



NAVEGAR
Newton Baiandeira

Rosa dos ventos
Estrela-guia
À calmaria meu barco vai
Velas além do cais
Onde o sol houver brilhar eu vou

Terras distantes por descobrir
Mares além
O amor me tem seu navegante
Imensidões
Riscos a ver
E o transcender me leva e me traz

Se me compraz
Do que viver
Meu navegar é mais

A DOR PELO RISO
Newton Baiandeira

À dor do calvário, queres matar o mundo?
A dor te consome?
A razão te corrói?

Quando tua alma, faminta de alegria,
sedenta de sonhos e vôos se acabrunha,
é ela, tua dor, que vai pro fogão
preparar-te o melhor prato de risos.

Ao suco de céus de nuvens claras,
guarnece-te de asas, te instiga
E te diz: Vai, gaivota,
dar corpo ao espaço
a seu modo e tempo.
A luz que te cega
pela cruz que carregas,
Vai gaivota, vadiar no paraíso!

MINHA ETERNA CANÇÃO
Newton Baiandeira

Dá-me um beijo profundo
Tão fundo que chegue a minha alma.
Coloque a palma da mão no meu ombro
Em toques sutis
Sem esperar o amanhã
Destrave o teu soutien
Bota teu seio entre nós

Minha fera felina
Minha alma latina, mulher!
Meu café da manhã,
Meu cigarro, meu hortelã

Bota teu ventre
Que entre macio
Entre as minhas coxas
Pasmo à mercê dos orgasmos
Que fazem jorrar
Seivas e semens febris
Ganidos de alma feliz
Suor de corpos em paz

Meu lugar no futuro
Meu porto seguro, mulher!
Minha ginga, meu gol
Minha eterna canção, meu show

A ESTRELA QUE ME DESTE
Newton Baiandeira

Como a flor que brota no jardim
Uma porta a se abrir à luz
Como o sol que adentra o universo
Feito um verso a penetrar
No compasso da canção
Como a lua, dominando o céu
Feito a tinta no papel
O sorriso no olhar
Como a aranha tece a teia
Como a abelha faz o mel
Como a noite faz a estrela
Como a estrela brilha ao léu
Como, um dia, tu vieste
Todo o agreste se encantou
E a estrela que me deste
Toda a terra iluminou

Feito um arco-íris no verão
Um corisco solto pelo céu
Feito alguma essência que se exala
Ensinaste-me a solidão
A saudade dói em mim
Ando, sem saber a direção
Feito um carro em contramão
Vivo perto de morrer
Como a trilha cabe à curva
Como a luva cabe à mão
Como a uva cabe ao vinho
Como a chuva à inundação
Foste, assim como vieste
Todo o agreste se calou
A estrela que me deste
Nunca mais no céu brilhou.

NAS TRINCHEIRAS DAS PAIXÕES -1988
Newton Baiandeira
Amava Júlia Ana
Solenemente Ana
Dois amores tão iguais
No abismo das paixões

Dançava Júlia
Ana cantava soberana
Em profanas traduções
Das trincheiras do amor

Duas almas nuas em fulgor
Contornando luas de amor
Quando a luz do sol
Desatava o nó
Julia e Ana se fundiam numa só

Ruborizada Ana
Alucinada Júlia
Duas almas numa só
Revelando o amanhecer

Desviando às plagas, contornando a multidão
Em segredo Ana e Júlia Juliana são

Amedrontada Júlia
Amenizante Ana
Duas almas numa só
Revelando o amanhecer

À luz que irradia
O amor de cada dia
Ana e Júlia vão iguais
Nas trincheiras das paixões

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ECOS DA SEMANA SANTA



ANJOS
Newton Baiandeira

São Gabriel
São Rafael
Meu São Miguel Arcanjo

Meu Querubim
Pede por mim
Cuida de mim, meu anjo

Virtudes soltas no gás
Quero a fortuna da paz
Meu Serafim do além
Guarda meus passos, amém!
Protege o meu coração
De toda desilusão

Asas de Deus,
Cuidem dos meus
Doces irmãos da arte

Fazei de nós
Dedos de Vós
Pintando em toda parte

Todas as formas da cor
Um arco-íris do amor
Meu anjo, São Gabriel
Guarda-me dentro do céu
Meu São Miguel Arcanjo
Cuida de mim, meu anjo.

PROCISSÕES
Newton Baiandeira

Displicentemente,
A gente segue em frente
Paulatinamente, a pé
Intimando deuses
Pra milagres santos
Pra justificar a fé

Procissões eternas
De doer as pernas
Pra se alcançar perdão
De tantos pecados
Mal interpretados
No antro da reflexão

Obras do demônio
E esse manicômio
Asas do infortúnio
Pairam sobre nós

Longe dos deveres
Párias dos poderes
Agradecem nosso algoz
Por manter acesa
A chama da pobreza
Que sufoca nossa voz

PALAVRA DE DEUS
Newton Baiandeira

Não faça sacrifícios pra chegar a mim
Pois não virá a mim aquele que não for feliz
Somente seu espelho pode refletir
Tudo quanto você é

Eu sou você no espelho
Eu sigo os teus conselhos
Eu faço tudo que você quiser

Pra ser feliz basta apenas me amar
E ninguém pode medir
Tempo, modo ou lugar

Ninguém tem passe livre pra falar por mim
Somente seu espelho na verdade é seu pastor
A vida viverá
Enquanto houver amor
Se você é feliz eu sou

DIVINO É O PERDÃO
Newton Baiandeira

Eu olho pro céu
E sinto pulsar
O meu coração, ó Deus!(Jesus)
Minha alma se enleva então
E em minha oração Senhor
Eu rogo por mim

E todo o redor
E todos, irmãos
De boa vontade, ó, Deus!
Por todos os filhos teus
Nos daí vossa paz, senhor!
Já sinto os sinais

No ar que respiro
À luz do sol da manhã
Nos rios e mares
Verdes mais do hortelã

Nos templos, fiéis
Nas tintas, pincéis
Nos homens de bem

Que impíos e ateus
São todos de Deus
Divino é o perdão

LUZ DE DEUS
Newton Baiandeira

A luz que brilha aqui
Não é a mesma luz
Que se produz na usina
A luz que me ilumina
É a luz do sentimento
Que vem do firmamento
E toca o catavento da paixão

O brilho dessa luz
Vem do amor de Deus
Chega-me sem um fio
Entra-me pela alma
Sem taxas ou tarifas
Sem corte repentino
O preço do Divino é minha fé!

HONRAR A CRUZ
Newton Baiandeira

Se te causa dor carregar tua cruz
Pensa com fervor no Senhor Jesus
Que sem qualquer culpa se sacrificou
Não se justifica teu clamor

Mira nosso rei
Com poder à mão
Se humilhar, sangrar por nossa estupidez
Se elevar ao pai e rogar por nós
Se isto não responde a tua lógica

Por seu pecado meu irmão
Pra aliviar a tua dor
Honre tua cruz
Nela padeceu Jesus

PELO PASSEIO
Newton Baiandeira
Vem meu amor
Pela Rua do Bongue
Brincar de ping-pong
Mirar o Castelinho
E desaguar na Matriz
Pôr carta no Correio
Pegar pelo passeio
Lições do ABC

Ali morava o poeta
Em frente era a Câmara
Se criava as leis
Vem além da Praça do Centenário
A Igrejinha do meu Rosário
A festa de Folia de Reis

Ah! Meu tempo de menino, a procissão
Ah! Um elo na corrente de orações

Moças, beatas no terço
Do fim ao começo
Lopinho e Lopão
Ai que saudades das bandas
Fazendo cirandas no meu coração

ANJOS DA NOITE
Newton Baiandeira
Meninos de rua
No jogo da sorte
Aos ventos do norte
Não sabem voar

Nos becos da vida
À beira da morte
Quais ventos do norte
Não podem voar

Ao som de rock and roll
Um copo de cerveja Skol
Vão aves marginais
Num céu de anjos canibais

Meninos da noite
Achados na vida
Por balas perdidas
Não podem voar

Pedaços da noite
No jogo do ódio
Não chegam ao pódio
Não sabem voar

Escravos da ilusão
Dos anúncios da televisão
Retórica do amor
No discurso de um governador

CICLO
Newton Baiandeira

Nascer, acesa a luz, brincar, correr
Sem se prender ao amanhã
Sorrir, acontecer, ganhar o sol
A vida é cheiro de hortelã.

Voar no tobogã, roda gigante,
O sonho preso num barbante,
A vida em volta de um balão.
Rolar nos movimentos do planeta
Não há boi-da-cara-preta,
Não existe solidão.

Crescer, sonhar, não ter, lutar, sofrer,
Desaprender a ser feliz.
Juntar, poupar, adoecer, juntar
Poupar riquezas pra amanhã.

Futuro pronto, o coração tá cheio
Uma carta do correio
Diz que é o fim da ilusão
Chorar, se arrepender e rogar praga
De repente, a luz se apaga
E é o fim da canção.

sábado, 16 de abril de 2011

TEM BELEZAS MINHA TRIBO




QUARUP
Newton Baiandeira

Movimentos de rara beleza
Versos de selvagem poesia
Ritmos aflitos de tambores
Compõem um magnífico espetáculo
De fé e dor e magia
Um ritual que revive os mortos
E emociona os vivos.

PALAVRA DE ÍNDIO
Newton Baiandeira

Eu não tenho pátria
Porque pátria é terra
E eu não tenho terra

Eu não tenho vida
Porque vida é liberdade
E eu sou cativo

Eu não tenho paz
Porque a paz é branca
E eu sou índio

CACHIMBO DA PAZ
Newton Baiandeira

Cadê o índio, seu oportunista
Que tinha terras de perder de vista?
Catequizado pelo padre jesuíta
Trocou apito pelo grito de guerra

Cadê a terra que virou colônia?
A Amazônia que virou estrada?
Que deu em nada, numa praça de Brasília
Pros meninos de família brincar de queimada?

Seu moço, cara-pálida, cadê o índio?
Cadê porto seguro pra se ancorar?

O dono dessa terra há muito se funai
Vendendo eletrônicos do Paraguai
Reserva de garimpo não dá sangue não

Riachos de mercúrio, que pesca infeliz
Meu caro jesuíta avisa ao meu país
Que mata de concreto não dá caça não.

CAFUZOS CONFUSOS
Newton Baiandeira

Sou latino-americano
Índio, negro, branco, tropical
Vivo aos trancos e barrancos
Mamelouco dos arrancos
Um cafuzo em mais confuso caos

Negro escravo da balbúrdia
Torres de babel
Escapando de esparrelas
Cenas toscas de novelas
Nas senzalas desses carnavais

De mãos dadas, pão e circo
Com futuros tais
Que nos barcos cabralhantes
Navegados mares dantes
Prometiam mil anos atrás

CABOS DE OUTRAS TORMENTAS
Newton Baiandeira

Mares além, desde a Cruz de Malta
Que mal nos sobra e bem nos falta
Que ainda aguardamos Cabrais
Desses brasis tropicais

Pra devolver o cocar ao índio
Lavar do tronco o sangue escravo
Pra caravela singrar
Numa favela pra ver

Mares que então, nunca dantes
Quaisquer navegantes
Ousaram singrar

Cabos de toda tormenta
Onde o mar se arrebenta
E se inventa afogar

Há que se ver como o fado samba
Há que saber que o meu povo bamba
Mais do que algemas, grilhões
Desfaz armadas do caos

MISTURANÇA
Newton Baiandeira

Mameluco mamelouco
Cafuzo confuso
Tá me dando parafuso
Na cabeça, mãe!

Sou brasileiro
Sou latino-americano
Europeu e africano
Índio, branco, moreno

O que é que eu faço
Com essa personalidade?
Sou da roça, da cidade
Ai, meu Cristo redentor!

Caboclo, pardo, caipira, caipora
Sou de dentro, tô de fora
Fui embora, tô aqui

Na minha veia
Tem sangue de todo mundo
E eu, nesse buraco fundo
Sem saber pra onde ir

Já tive rei, imperador e presidente
Sou chegado num repente
Tiro um samba no tambor

A terra gira
E eu não saio do atoleiro
Sou pedaço? Sou inteiro?
Diga, mãe, o que é que eu sou?


CARA PÁLIDA
Newton Baiandeira

Éramos cinco milhões de índios
E somos alguns mil
Bravos silvícolas ameríndios

Qual é, Brasil!

Vimos de guerra em guerra
Tomando terras de gente inválida
Que importa a vida humana!
O que vale é grana pra cara pálida

Ô,ô.ô,ô!

Me dê a terra
Leva um espelho
Couro vermelho e tal

Enche a moringa
Um litro de pinga
Vinda de Portugal

Troco essa mina
Por cocaína
Dou Novalgina pra tu
Computador
Carro importado
Troco pelo Xingu

MARES MINERAIS
Newton Baiandeira

Eu sou mulato
Eu lavo prato
E o que houver de lixo

Sou mameluco
Já mamelouco
Um índio, pé-de-bicho

Sou itabirano
Bandoleiro urbano
Vivo a contar vagões

Refazendo metas
Sonhos de poetas
Que não saem da estação

Sou mameluco, cafuzo
Mulato, caboclo
Meu bloco é tambor

Tô mamelouco, confuso
Muleta, cotoco
de guerras de dor

Eu sou cafuzo
Ando confuso
Num chão de ouro em pedra

Homem de ferro
Me fere, eu berro
E minha alma não medra

E nessa canoa
Mares sou Pessoa
Nunca dantes navegados
Mares minerais não cabem a Cabrais
Toda, minha alma voa

ACORDE UNIVERSAL
Newton Baiandeira

Ouviram da Amazônia um gemido
Dos povos da floresta universal
Lamentos de uma fauna que ardia
No fogo do descuido nacional
Agonizante flora que sangrava

À lâmina sutil da clava forte
A lágrima de um rio a se exaurir
E geme quem te adora à própria morte

Ao som da serra elétrica
E profundos acordes de tambores
A canção em códigos envia pelo mundo
Mensagens de uma raça em extinção

Fulguras, ó Brasil, florão da América
Que ao despertar do sono mais profundo
Fechemos nossas mãos num laço fundo
Pra vida deste mundo respirar.

Éramos 5 milhões de índios. Somos alguns milhares.Dia 19 de abril é DIA DO ÍNDIO!
Não esqueça, não deixe que esqueçam! Newton Baiandeira

domingo, 10 de abril de 2011

CANÇÕES AO CORRER DAS ÁGUAS



Às vezes, a própria sonoridade da palavra dá o fio melódico da canção que vou compor. Ainda que a peça, ao final da inspiração, se traduza apenas uma composição literária, percebo ali uma melodia incontida. Um tempo depois, ela salta do texto e me sobra apenas sinonimizar algumas palavras; e a harmonia entre letra e música acontece. Não consigo compreender isso. Essa indomabilidade me incomoda, assusta e encanta.

O SEMEADOR
Newton Baiandeira

É preciso regar de suor os canteiros do chão
É preciso afagar a semente na palma da mão
E sentir o tremor da emoção que a semeia nos dá
Acariciar a terra com toda a chama
Que queima nossa alma de plantador

É preciso vencer pelo mel a maldade do sal
É preciso entregar a si mesmo o direito de ser
E sentir que nascemos de novo no sopro de um sol
Que nos empurra às luzes de um novo tempo
E nos devolve a força de plantador

É preciso rever os milagres que a terra traduz
Em distâncias de flores e frutos do sêmem de Deus
E sentir desconforto de ver que ainda falta um refrão
Que ainda a canção é frágil pra ser um hino
Que ainda somos meninos sem direção.

FORA DA ÓRBITA
Newton Baiandeira

Vivo em permanente estado de poesia.
Algumas vezes, saio pra dizer besteiras,
Xingar o mundo, insultar o tempo;
Descompor o tirano, clamar à vida.
Aí, lembro de minha mãe a me corrigir:
“Menino, a vida é bela. A gente é que estraga ela!”
Então volto, agradecido, farto.

CAÇA E CAÇADOR
Newton Baiandeira

Me chama de prazer
Me trata por amor
Me chama pra brincar de caçador

E se esconde
Não responde
Meu amor.
Ai, que saudades de nós!

Desentoca
Sai da loca, por favor!
Já não agüento brincar
De caça e caçador.


CÓRREGO DA PENHA
Newton Baiandeira

Sai da nascente
Desce as escadas
Corta a cidade
E vai embora.
Visto de cima
Parecem lágrimas
Rolando dos olhos
Do velho Cauê.


FIM DA CANÇÃO
Newton Baiandeira

Bem-te-vi te via
Sabiá sabia do amor
que eu sentia ao te ver
No amanhecer do sol
Lá vinha o rouxinol cantar pra você.

Era um coração no peito a disparar
Inventando pulsações pra te ganhar
Você não quis ouvir meus ais
E se foi, sem mesmo dizer adeus.

Bem-te-vi me viu chorar
Sabia o sabiá que era ao final solidão.
Rouxinol emudeceu
E a vida compreendeu o fim da canção.


ÁGUA CORRENTE
Newton Baiandeira

Quem espera por mim
Não sabe a cor da mocidade
Não pintou com claridade
As cores todas da razão
Não me cobre a presença
Que a presença é tão difícil
Pode ser que o orifício
Continue a esperar

Água corrente
Amanhã finda janeiro
Normalmente fevereiro
Pinta no segundo mês
Mas certamente
Como a coisa tá mudada
Pode ser que de mancada
Dê janeiro outra vez

Outra vez eu perdi
A direção do pensamento
Corre estrada, voa vento
Corre o tempo sem parar
Para trás, ventania
Simpatia não te espera
Tu levaste a primavera
E eu nem sei pra onde olhar

Olhar depressa
Tem cheiro de mau-olhado
Coração apaixonado
Pela pele do Brasil
Brasil, gigante coração
Pele dourada
Da morena revoada
Que o meu coração partiu

Partiu pra longe, avoou
Qual passarinho avoador
Rasgou o céu
Cortou o véu e ninguém viu
Nas asas turvas do avião
Deixando curva a sensação
Deixando história
Pra memória do Brasil

Solidariedade
Mocidade independente
Sem lugar, sem presidente
Continente sedutor
Águas claras de rio
Pele fina de esperança
Lua nova, semeança
Terra solta que se abriu

Abriu a porta
Do meu peito aventureiro
Me tomou como um guerreiro
Em posição de atirar
Água corrente, coração aventureiro
Não tem pena do aguaceiro
Que afoga o meu olhar

sábado, 2 de abril de 2011

JANELA ABERTA




UM PÁSSARO NA JANELA
É sábado, tenho um sol inteiro à janela e uma canção inacabada... Bom dia grande, amigos!


EM SOL ALADO
Newton Baiandeira

Um pardal pousado à janela, que deveras!
Veio tão somente catar comida ou me lembrar de ir ver o sol?
Pronto! Lá vai ele, de asas alegres, papo cheio e missão cumprida!
Esse meu domingo começou em sóis e vôos.
Quiçá, há de terminar em pouso leve e sono sonhador!


ECLÍPSE DO AMOR
Newton Baiandeira

O sol só vê a lua quando a lua está no cio
O céu entra em rodopios
Quando os dois fazem amor
O sol inventa giros pro cortejo da amada
E a lua idolatrada inunda o céu com seus clarões

E rodam pelo céu, orgasmos de paixão
Gemidos sussurrantes, almas presas ao clarão
A terra se aparelha pra alcançar essa visão
Ao ver tamanho afã, discretamente o sol
Puxa a cortina e apaga a luz do seu farol
O eclipse do amor de lua e sol no azul
Somente o cantador enxerga a olho nu
Em breve a lua mansa traz ao céu sua barriga
O sol fazendo figa aumenta a luz do seu farol
Poeira de estrelas são meninas tão brilhantes
São filhas cintilantes do amor de lua e sol

AOS OLHOS DA LUA
Newton Baiandeira

A lua que mira a mira que alua
Faz-se nua à máscara real
Que, não fosse tal, mais veria de lua
Mais dar-se ia a miras e contemplações
Aos olhos da lua o homem de meia lua

DUALIDADE
Newton Baiandeira

Poeta e pessoa
A diferença é coisa à toa
Um enxerga o outro vê
Um escreve o outro lê

Poeta e pessoa
A diferença é coisa à toa
Um caminha o outro voa.

MEDITAÇÃO
Newton Baiandeira

Virá do ato a consequência
Da incência a sabedoria
E, na agonia do entremeio,
A alma fatigada buscará a paz