OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

UM PRESÉPIO ANDANTE

A cidade recebe o natal, se impregna da aura de dezembro e a chama da paz acende as tochas e piras. À luz da cidade reflete nos olhos um brilho novo, mais instigante que o do minério a sóis e luas e o mais doce vale se acomoda ás almas e seus risos inteiros. As praças promovem a vidas de há muito sumidas encontros inusitados, abraços largos e apertos de saudades.

O natal entranha-se em tudo e todos, gente e lojas, presentes e saldar de dívidas. O beijo mais demorado, escandaloso e farto do casal de jovens me indica cumplicidades a mais, porque é dezembro? Sei lá! Sei que dezembro me faz abobado e vendo coisas mais do que havia ou via, sentindo gosto de chocolate com peru em tudo.

Nesses dias dezembrinos a oração do padre me parece mais célere, mas que nada, sou eu com mais paciência na igreja. Os joelhos já não reclamam das madeiras desiguais do banco. Olha só, me pego rezando alto, sem vergonha dos fiéis redores!

Aos sinos, entusiásticos, meu espírito avisa que lá vem inspiração. Decerto a nova canção será de paz e amor e há de trazer alguma contribuição pra harmonia do mundo, mais um presente de natal que poderei repassar ao meu redor.

A Praça Redonda tá cheia de luzes, o prefeito não se descuidou. Luzes de plástico, numa reciclagem de orgulhar quaisquer cristos, iluminando a pressa que leva à Noite Feliz. Logo o Coral da Fundação vai entoar a Canção de Natal e aí, senhores, eu vou às nuvens, quiçá, na carruagem de Papai Noel. Ah, não acreditam em Papai Noel? Então podem mandar pra mim todos os presentes que ganharem!

O “Presépio Andante” visita os bairros da cidade, uma fileira de gente galante empresta passos de sua melhor idade pra dar boas vindas ao Cristo, os meninos acompanham de riso grande, saltitantes por todo o percurso, o presente humano. Coisa de Marília Ramos, ao som dos tambores e alegorias, os Senhores da Vida Ativa vêm dizer ao Cristo que Itabira é um poço de fé e esperança e que o espírito natalino se consagra no coração do Homem de Ferro.

CANÇÃO DE PAZ

E do mar a brisa veio conversar
Então, já não estamos sós
Olha o sol que brilha, é manhã
Ouça o rouxinol!
Canta o sabiá!
Vê o azul-marinho
Canta o mar!
Todo o céu conspira
Toda, a terra dança
Pra acordar a criança
Perdida em nós!

CANÇÃO DE NATAL
É natal!
A paixão se refaz dentro de nós
Que a fraternidade, o perdão, a paz
Se traduzam nos homens de bem
Que do sol, o calor
Que do amor, a emoção
Venham aquecer nossos corações
Nesse novo tempo que se faz
Tempo bom pra desejar a você feliz natal!
Um ano mais feliz
Muita vibração
Que seu sonho possa se realizar
Que no ano que vem tudo corra bem
Muito amor em seu coração.
Feliz natal!

CANÇÃO PARA OS 300 ANOS

A cidade amanheceu tão bonita.
Revestida de alegria, em flor.
Do Cauê ao Pico do amor.
Desde o Centro Cultural,
Varando os casarões
Uma só diretriz.
Pelas leis do coração,
Cada cidadão tinha de ser feliz.
Bandas furiosas
Marujadas, corais.
Grupos de serestas
Violões, madrigais.
Homens, mulheres e meninos,
Cantos, hinos, no mais belo tom.
São 300 anos de história
De Itabira, terra de Drummond.
E toda a folia
Tomou conta da praça.
Maria Fumaça espalhando alegria.
E os homens de ferro
Em plena harmonia,
Gritavam aos berros
Viva a “Vila da Utopia”

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

BURRO ATÉ ENCOSTAR NA CERCA

Na linguagem que lhe era peculiar dizia Bastiana que o amor haveria de ser elegante, cordial e, principalmente, tolerante, compreensivo a humores e variações, caras e bocas do parceiro. Deveria o amante conceder ao amado o que lhe coubesse querer. Antecipar a oferta do que gostaria que a si fosse ofertado pela companhia.

“Esse negócio de só querer e mais querer sem nada dar estraga qualquer relação e desmancha casamentos que é uma beleza”. Esse papo para com as moças era sempre encerrado com a máxima: “marido, ruim com ele, pior sem ele”.

Se me encantava seu pensamento e seu falar sempre precedido de ações comprobatórias, a forma expressiva de linguagem e sua visão simplista e humanamente forte me levavam a contemplações constantes. A rigor, era a linguagem que eu queria pra minhas manifestações artísticas em que já, aos oito anos, projetava carreiras e profissões da área pra minha vida.

O rigor do jornalismo que impõe ao escritor formalidades, à extrema severidade eu achava que nunca poderia ser escritor. A não ser que freqüentasse por anos intermináveis as cadeiras das academias. Queria escrever, não a tão sacrifício!

“O estudo é base de tudo na vida. Ou você estuda ou vai ser burro até encostar na cerca!” Era ela no meu sempre! “Pra felicidade do espírito é sempre melhor que se fale exatamente o que se quer dizer. Pra escrever, se você souber o que quer dizer, o dicionário, pai dos burros, cuida de sinônimos bonitos pra cada palavra. Dá pra enfeitar tudo”.
“Só tem uma coisa, no fundo é tudo igual. Se você quer dizer bosta, qualquer outra palavra que o dicionário autorize poderá mudar a forma de expressão, mas vai feder na mesma intensidade. Bonita ou feia, merda, quanto mais mexer mais fede. Como nossa própria merda não deve atingir outros narizes, se queremos dizê-la bonito é melhor estudar muito antes de correr pro mundo”. Era ela, tudos e contudos costumeiros, minha mãe!

Aprendi a gostar de ler jornal com Dona Sebastiana e Seu Milino. Enquanto eles praticavam essa leitura quase diária, eu descobria ali os melhores momentos pra fugir pra arena de peraltices.

Estou, agora, lendo a matéria de um jornalista e quase posso tocar em sua angustiante vontade de impor sua verdade ao texto, de imprimir sua visão da história a uma matéria sobre o Haiti. Posso sentir seu sofrimento em se ater às vontades históricas e matemáticas, muitas vezes, injustas e não condizentes com os fatos.

Então, Bastiana, aqui não há merda escrita em sua acepção natural, mas fede pra danar.

Letra de Música:

A VIDA É BELA
Newton Baiandeira

Minha mãe plantou o coração
Á beira da linha do trem
Quando Juvenal se mandou
Numa carruagem pro céu
Seis filhos, nova e sem planos
Restaram só perdas e danos
Passam os anos, e ela com os olhos no trem
Mirando a vida da janela
A me ensinar os sonhos dela
Ó, como é bela a minha mãe vendo o trem
Minha mãe plantou o coração...
Me ensinou que ser honesto
Pode doer, mas é o correto
E que mais vale quem é do que quem mais tem
Poder mirar o seu espelho
Sem encarar olhos vermelhos
Entre conselhos, olhos parados no trem
Eu também plantei meu coração
Á beira da linha do trem
Quando Sebastiana se foi
Numa carruagem pro céu.