OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





segunda-feira, 9 de maio de 2011

PÁSSARO NEGRO DA PAZ



QUILOMBO DOS PALMARES
Newton Baiandeira

Algemas e grilhões
Chibatas e canhões
Sangue do Oiapoque ao Chuí
Liberdade eterna, Zumbi
Tambores, tambores!
Vozes roucas da floresta
Palmares, nação Zumbi!

Fumaça/fogo que tange
Pra longe a escravidão
Pássaro negro da paz!
Brasil cantares nação!

Centelha viva, Palmares,
Candeia acesa na noite
Quebrando o nó das correntes,
Afugentando os açoites

Homem de fibra não dobra,
Curva no tombo e volteia
Junta o amor à coragem,
Mistura fogo, incendeia
Devolve a força do tombo,
Gira no lombo e semeia

Marca o ferro no couro cru,
Um poema de libertar: Zumbi, Zumbi!

Verso de sangue talhado
escrito à ponta de sabre
Poesia guerrilheira
porta que fecha e não abre

Quem tem as mãos algemadas
Ou traz nos pés a corrente
Tem um Palmares no peito
Feito uma estrela luzente
Ciente que a liberdade
Pode chegar de repente

Quem viu a morte de perto
nunca tem medo da vida
Não acredita em derrota
Nunca vê causa perdida

Mesmo que o vento não sopre
Mesmo que o sol não se acenda
A liberdade está pronta
Feito uma tira de renda
Barrando a saia do tempo
Abrindo estrias e fendas.

DO FIM AO INÍCIO
Newton Baiandeira

Me dá meus direitos, do fim ao início
“Chama eu de Sinhô, estrupício!”

Não sou teu mucamo, droga pro seu vício
“Chama eu de Sinhô, estrupício!”

Não sou teu escravo, dobra a língua
Ainda tenho a íngua dos grilhões
Quem cala consente, morre à míngua
Cansei da catinga em seus porões

Comprei minha carta de alforria
E (vosmicê) agora vai ter que me engolir
De negro, cafuzo, tão confuso
Eu tô mamelouco pra sorrir

TROPICADA
Newton Baiandeira
Latina América, léguas e milhas de amores
De liberdades guardadas por mil ditadores
Porto da fé que remove, quem sabe, montanhas
Força tamanha e sanhas e manhas gerais

Moça, menina, morena de Copacabana
Prepara a roupa de cama pro gringo deitar

Latina América, eu sou Brasis!
Raças exóticas tão pueris
Pindorama, eu sou do sol
Soy latina América!

Os mamelucos estão deveras mameloucos
Roucos, cafuzos confusos, difusos no caos
Índios e negros e brancos, lá vem fevereiro
Cantam segredos mulatos, mulatas se dão

Ao som do couro, passistas e porta-bandeiras
Rompem fronteiras, caminhos das índias e tal

Latina América
Sou carnaval
De alma histérica
Sou carnaval

Pindorama, eu sou do sol
Soy latina América

PERSONA NON GRATA
Newton Baiandeira

Eu feri a lei
Eu traí os ritos tais
Eu peguei a dor
Transformei em carnavais

Eu rompi limites
Eu quebrei fronteiras
Eu não caibo mais

Eu rasguei a teia
Eu furei a meia
Eu falei demais

Eu dei a cara à tapa
Eu saí do mapa
Somei dois com dois deram três
Ao fechar da casa
Eu bati as asas
Eis que cabe ao pássaro o céu

E por isso eu sou
Persona non grata

*Imagem Google

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