
UM BALÉ
Newton Baiandeira
Vai bailarina, à roda,
Dizer que a terra gira
Que o tempo não pára.
E que nada se compara à
magnitude do ser imperfeito
E poder sonhar, concertos e
consertos a ver.
O equilíbrio, ei-lo arte!
Vida é movimento, dance!
PÉ DE PACIÊNCIA
Newton Baiandeira
O sol setembra, lembra o girassol
O raiar da nova estação
É primavera, Vera beija a flor
Ascender-se à chama do amor
Tem um pé de paciência
Por detrás das saliências
Tem um pé de paciência
Por detrás do pé de sal
O sol setembra, lembra o araçá
Vendo a primavera chegar
O arco-íris pousa no quintal
Feito fogo no matagal
Regar a flor no jardim, colher amor em mim.
MERGULHAR-SE
Newton Baiandeira
A vida ocorre ao seu redor, chora?
Há que trazê-la a si, menina!
Há que felina saltar ao léu, bailar
Ao som dessa magnitude de existir.
Há que lançar-se aos céus.
Há que navegar sem medos.
Os rochedos? Não vêem a nós!
Nós necessitamos de obstáculos
Pra sermos, inteiramente, felizes!
De uma felicidade conquistada à dor
Então, construída e habitada por nós
De alma e corpo, enfim, deuses.
O ápice? Os orgasmos? Pertencem aos
conquistadores! Cabem aos vencedores,
navegantes do caos; aos que fazem doar
essências ao bem, à paz, à harmonia das vidas,
à canção do universo.
Mergulhe no verso e a poesia te agradecerá,
Emprestar-lhe-á arrepios ao corpo, sonhos à vida,
orgasmos à alma!
Precisamos nos dedicar mais às imperfeições. São elas as coisas mais perfeitas que existem.
NESSES TEMPOS
Newton Baiandeira
Nesses tempos em que liberdade
Vias de nova ordem mundial
Se traduz em invadir países
Em que as diretrizes da moral
Nos revelam padrões de postura ilegal
Em que a paz nos aponta armas
Á procura de bélicas razões
Rolam lágrimas de petróleo
Democrático imbróglio de nações
Há que ser pessoa e ser pessoa é mais que ser
Resistir, sentir, não se omitir, calar, morrer
Nesse instante em que a obra prima
É tecer elogios ao banal
Misturar nada e qualquer coisa
Nivelar pra que fique tudo igual
De padrões a brasões
À lavagem geral
Nos quintais da lavanderia
À procura de ilógicas vazões
Rolam lágrimas, crocodilos
Anunciam retóricas, cisões
Há que ser pessoa e ser pessoa é mais que ter
Resistir, sentir, não se omitir, não se render
E então, mesmo à dor, cantar!
AMÉRICA DO AMOR
Newton Baiandeira
Nada poderá
Atrapalhar meus planos
Tudo que juntei
Por todos esses anos
Sonhos por viver
Na dimensão da vida
Trilhas que paguei
Viagens proibidas
Nada impedirá meus planos
De romper o tempo, voar
Sou uma mulher americana
Neolatina, além do Equador
Infinita, livre, leve e solta
Ave de alma exposta, meu amor
Nada no mundo se cria
Tudo se transforma em mim
Loba regada de luas de marfim
Libertas Quae Sera Tamen
Na linha do Equador
Na plenitude da América do amor
E o encantar-se de luas e encantar o mundo. Ei-la, e então revoluta, Mulher!
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