
NEVOANÇA
Newton Baiandeira
Camisa branca
Calça curta azul
Distintivo a meio pau
Não se via gente a metro
Só bruma à vista,
e o Conga escorregando
entre pedras de minério
até o Coronel José Batista.
Lições congelantes,
de tremer o pingo do i.
Frio saber de coisas!
O MANDA BRASA
Newton Baiandeira
Lá vinha o Manda Brasa.
Olhos que à névoa nada viam,
agora e então, ardiam por
fumaça de óleo diesel.
Inverno e inferno rimavam
espetáculos e obstáculos num
verso nada ecológico.
A beleza da neve tombava-se,
ia-se, à feiúra ascendida.
A MARIA FUMAÇA E A BRUMA
Newton Baiandeira
Da Maria, a fumaça se juntava à bruma.
Em que passava, deixava uma cortina de
invernos inusitados aos olhos da infância.
Já, à distância, a poeira branca baixava.
Às caras, pretas da fuligem resultante,
pairava, por alguns instantes, um novo
inverno de carnavais, confete e mascarados.
PIPAS AO INVERNO
Newton Baiandeira
As pipas subiam. Logo, sumiam de vista.
A linha da manivela desmentia altitudes
apregoadas. Quaisquer cinqüenta metros
acima e se ensopavam da névoa de julho.
Como se houvessem em nuvens, logo,
davam coietas as gerebas.
EM PRETO E BRANCO
Newton Baiandeira
A vida era um campo de murta
Pretinho, tal qual meu terno
Que tirava a calça curta
Lá, quando chegava o inverno.
A névoa cobria o campo
Da janela o que se via
Era um filme em preto e branco
De minha alma que morria.
FOG AO FOGO
Newton Baiandeira
O “Beco dos Porcos” e,
logo ao lado, o “Água Espaiada.”
Acima, o “Ponto dos Aflitos”.
À luz daqueles lugares,
indiferente à bruma, alheio ao
neblinaço, o inverno era requentado
prato a se degustar: o Fog ao Fogo das almas.
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