
DESPENCANDO DEPENADO
Newton Baiandeira
Pássaros são acusados de invasão do espaço aéreo.
E eu, a vida inteira, pensei que o céu fosse deles!
Até, imaginava que existissem antes dos aviões.
Descuidado? Acho que sou mesmo um asno alado!
A quem perguntou se “Eram os Deuses Astronautas”
fica aqui e enfim, mister Erich, a certeza comprovada: Eram Sim!
DE SOMBRAS E SOBRAS
Newton Baiandeira
Há vida em dúvidas e dívidas
Há dívidas entre ter e ser
Há dúvidas entre querer e poder
Sem qualquer sombra de dúvida
Sem qualquer sobra de dívida
Somos o que somos.
E o que somos, nem sempre, é o
que julgamos ser.
Ter não modifica isso. Apenas,
soma-se ao que somos.
Ao fim das contas, nada levamos.
Fica o que fomos, quiçá, sob aplausos.
CARTA LIVRE
Newton Baiandeira
Tronco, mais à cabeça.
Correntes, as de ventos.
Em que sou asas,
não guardo chão pra eternidades.
Liberdade: eis meu tempo e ordem.
À desordem de poderes, acordem-se
em celas, comam-se entre algemas.
Mas, não me sirvam pratos de solidão.
REAL MÁGICO
Newton Baiandeira
Os pés no chão,
mantenho-me em
permanente estado de poesia.
Qualquer descuido da realidade,
abre-se a gaiola, eu me dou a vôos.
ASAS DE AÇO
Newton Baiandeira
Irmãos do sol da América
Filhos do céu azul
Via de regra, eu pássaro, me vou
Pelo espaço
Asas de aço
Faço um compasso
Viro bagaço, enfim
O que será de mim
Se eu não puder voar
Com tantos aviões
Cortando o céu azul
Se meu destino é ave
Clave de sol no azul
Guiai a minha nave
América do sul
FANTASIA
Newton Baiandeira
Mire aquela chama
Que brilha lá no céu
É a estrela do oriente
É a promessa de uma nova luz
Há esperança em cada alegoria
Há tanta coisa pra se ver
Há tanta dança nessa fantasia
Tanta poesia a se viver
Vai, pega essa estrada
Já não há perigo
Brota do trigo uma nova flor
Vê, quanto caminho
Sozinho a te esperar
Vai, escolha sua estrada!
Siga as pegadas dessa nova luz
Vá, não pare nunca
Que esta vida é linda
E a dor só finda
Quando a gente ri!
NA CURVA DA ESTAÇÃO
por volta dos anos 1970
Newton Baiandeira
Tudo encaixa como luva
Lá na “Curva da Estação”
Pra casadas e viúvas
E solteiras da paixão
Destilarem ódios tais
Que pedrais fazem tremer
Seus maridos estiveram
Ou estão no cabaré
Homens de ferro, sem pudor
Vão buscar amor
Garotos loucos de paixão
A primeira diversão
Meninas doces como mel
Gatas de bordel
Fazem da curva da estação
Um pedaço do céu
Tudo ocorre num só porre
Lá na “Curva da Estação”
Bailarinas, moças finas
De divinas proporções
É pagamento da Vale
Quanto vale uma paixão?
Não importa, Inez é morta
Lá na “Curva da Estação”