OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





sábado, 5 de junho de 2010

RELIGIOSIDADE BASTIANA




“Ave Maria do Espírito Santo, amém? Nananananão!”

Fé compreendia mais que rezar e se benzer. Ser católico, apostólico, romano era quase obrigatório. E isto traduzia penitências, joelhos e milho trocando movimentos por horas de mais doer.

Bastiana não abria mão das santas regras. Os dez mandamentos tinham que ser decorados e os cânticos e orações deviam ser interpretadas de mãos postas. Tínhamos que parecer anjos, mesmo quando capetinhas brigando por figurinhas da copa e bolinhas de gude. E todos os domingos eram de missas intermináveis, padres e sermões que faziam mais medo que fé.

“Deus castigará sempre!” E pior: “os justos pagarão pelos pecadores!”
Já que eu ia pagar mesmo, então não me importava de consumir alguns pecadinhos dos menos cabeludos. Infância bordada a beijos de fiéis e beliscões de padres, sei que ser católico dava um trabalho danado.
Contudo os cânticos e procissões me encantavam. A furiosa municipal e suas marchas balanceavam minha alma de sons belos e tristes, nas mais longas procissões.

No dia da criança, nossa festa em outubro, era também dia de Nossa Senhora Aparecida. Um foguetório ao meio dia, lá fora, e presentes pipocando na sala. “Viva Nossa Senhora Aparecida!” Gritavam. E o meu carrinho novo! Eu emendava. E levei muito cascudo por isto.

Enfim, hóstias, pão e vinho administrados, durante a infância e em parte da juventude, fui um bom católico, apostólico e romano como Bastiana desejava. E botei fé nisso. Uma religiosidade bastiana, Deus adiante, paz na guia, foi assim minha vida de criança.

Adulto, se mais convictas são minha crença, esperança e fé cristã, continuo católico. Desses que a preguiça, pecado capital mais censurado por Bastiana, mantém distante das obrigações presenciais aos templos e manifestações públicas. Mas, do meu jeito, cuido de minhas preces e cumpro preceitos do cristianismo. E me encantam todas as formas de credos e religiosidades, principalmente sua rica sonoridade e seus belíssimos rituais. As culturas religiosas me tomam, cativam e enlevam.

De uns anos pra cá, o prefeito João Izael e as autoridades religiosas de Itabira buscam e levam a imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Mais que um evento, uma obra que contempla o coração das gentes itabiranas e me encanta, tanto quanto o evento em si, a comoção que os envolve.

Milhares e milhares de pessoas participam dessa festividade. Parece que a cidade toda está lá, e mesmo quando não estou presente ao evento, de onde estiver, participo com louvores. Neste acontecimento eu constato as estatísticas que relatam uma grande maioria católica no município.

Imaginar que o prefeito João Izael e toda essa multidão cultivaram os bagos de milho, beijos e beliscões de uma infância católica, me leva a crer que tal cultura os faz, assim como fizeram a mim, amar com mais amor a nossa Itabira. Bastiana sacramentava a idéia de que o chão que a gente pisa em procissão se torna parte da alma da gente e a gente cuida dele com mais carinho. Assim como as mais importantes obras de concreto, Itabira tem obras espirituais de fazer tremer homens de ferro.

Fervorosos, irmanados aos preceitos religiosos, João e a multidão me fazem lembrar o menino que andava soltando papagaios no adro da igreja em hora de missa. Será que guardam de infância roxidões de sacerdotais beliscões?

LETRA DE MÚSICA:
ANJOS

São Gabriel/
São Rafael/
Meu São Miguel Arcanjo/
Meu Querubim/
Pede por mim/
Cuida de mim, meu anjo/
Virtudes soltas no gás/
Quero a fortuna da paz/
Meu Serafim do além/
Guarda meus passos, amém/
Protege o meu coração/
De toda desilusão/
Asas de Deus/
Cuidem dos meus/
Doces irmãos da arte/
Fazei de nós/ Dedos de Vós/
Pintando em toda parte/
Todas as formas da cor/
Um arco-íris do amor/
Meu anjo, São Gabriel/
Guarda-me dentro do céu/
Meu São Miguel Arcanjo/
Cuida de mim, meu anjo.

Fotos:
1- Artesanato itabirano – Drummond
2- Baiandeira e Bispo Dom Mário Gurgel



Ouça minhas músicas no: WWW.myspace.com/newtonbaiandeira2

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