OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





sábado, 19 de junho de 2010

O TOQUINHO

O primeiro respirar compreende a mais profunda dor. O rasgão da luz, tal martírio se recompensa na dádiva da vida.
Logo em seguida, o primeiro tapa de que a boa intenção inserida e força de uma cultura cuidarão de diminuir no futuro seus efeitos traumáticos. Até mesmo a formação dos dentes pro mais doce sorrir pra vida é um ato de dor.

A infância de tombos e escorregões; medos, rasgões, machucados, feridas, cicatrizes, feridas e cicatrizes e de novo feridas. Dores conformadas pelo correr, brincar, viver sem culpas ou tratos com futuros, pela possibilidade de rir-se e sorrir ao redor: o imenso mundo a descortinar-se.

A juventude, a ousadia, a arrogância e a invasão do espaço. Amores e posses perdidas; os grilhões da violência, os pregos do caos, as lâminas do conflito de gerações rasgando, sangrando alma e ossos. Tudo,contanto, ressarcido de sonhos e horizontes, aventuras e vôos de todo espaço. A liberdade dói de prazeres.

A maturidade, a dor de doenças físicas e da alma; o medo da não - ou miserável – aposentadoria. As dores do mundo rasgando os ombros e os cravos da incerteza martelando o espírito: pra onde vamos? Por quanto tenhamos feito pelos nossos a dor de ter sido tão pouco e as lanças de um currículo inacabado formatando-nos inúteis e impotentes. Dores atenuadas pelo compreensivo amor de nossos familiares, amigos e condescendentes. E carnavais lavando as feridas do caos.

Então, a velhice e a vontade de começar tudo de novo, desde o primeiro rasgão do ar. A dor multiplicada em um milhão de vezes por uma segunda chance de vida.

Dores, dores, dores! São muito mais e maiores que os momentos de felicidade que temos na vida. Contudo, vivemos mais quando estamos felizes, por mínima que nos seja essa performance.

Como maior e mais importante que a imensidão da cruz, dos cravos nas mãos e pés ou dos espinhos na sua fronte, é o pequeno toquinho que sustenta os pés do Cristo crucificado: um mínimo toco de madeira, um raro instante de alívio e felicidade para um corpo que carrega todos os pecados do mundo.

LETRA DE MÚSICA

PROCISSÕES
Newton Baiandeira
Displicentemente/
A gente segue em frente/
Paulatinamente, a pé/
Intimando deuses/
Pra milagres santos/
Pra justificar a fé/
Procissões eternas/
De doer as pernas/
Pra se alcançar perdão/
De tantos pecados/
Mal interpretados/
No antro da reflexão/
Obras do demônio/
E esse manicômio/
Asas do infortúnio/
Pairam sobre nós/
Longe dos deveres/
Párias dos poderes/
Agradecem nosso algoz/
Por manter acesa/
A chama da pobreza/
Que sufoca nossa voz.

CICLO
Newton Baiandeira
Nascer, acesa a luz, brincar/
Correr sem se prender ao amanhã/
Sorrir, acontecer, ganhar o sol/
A vida é cheiro de hortelã/
Voar no tobogã; roda gigante/
O sonho preso num barbante/
A vida em volta de um balão/
Rolar nos movimentos do planeta/
Não há boi-da-cara-preta/
Não existe solidão/
Crescer, sonhar, não ter, lutar, sofrer/
Desaprender a ser feliz/
Juntar, poupar, adoecer, juntar/
Poupar riquezas pra amanhã/
Futuro pronto, o coração tá cheio/
Uma carta do correio/
Diz que é o fim da ilusão/
Chorar, se arrepender e rogar praga/
De repente a luz se apaga/
E é o fim da canção.


Ouça minhas músicas no www.myspace.com/newtonbaiandeira2

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