DE ÁGUAS E DE FLORES
Newton Baiandeira
Permanente
é o som das águas em minha
mente
a repetir refrões aos meus ouvidos.
Sou
eu e só em cantares encharcados.
Lavo-me
à chuva de sons das águas que
sobem,
descem, vêm e vão.
Tal
qual é o perfume das flores que se dão
ao
meu olfato e, próximo ato, se fecham em
minha
memória.
Sou
só cheirar fragrâncias do tempo, raros
olores
de vida em canteiros, alma toda em
jardins.
Enfim,
quis-me ser como a flor que pacifica
Como
o rio que passa e fica ao sempre cantar.
Dou-me às águas, seu líquido cantar a penetrar-me
ouvidos, lavar-me alma.
ECO ILÓGICO
Newton Baiandeira
O
plainar da garça
O
encanto da praça
Deram-se
ao domingo.
O
encanto da praça
O
plainar da garça
Qual
desgraça
Dera-se
tudo ao incêndio.
Algum
idiota lançara fogo à mata.
Inda
assim, foi o domingo da garça
ao
plainar da praça.
E
nem fora garça, era um tuiuiú!
Newton Baiandeira
Eis-nos aves na abóboda
Eis-nos aves na abóboda
poética ao
dispor dos sonhos.
Eternos até o fim.
E esse amor que nos move à
Eternos até o fim.
E esse amor que nos move à
leveza dos solavancos!
CONTEMPLAÇÃO
Newton Baiandeira
À quaresma, me guardo, contrito-me.
Não à penitências, mas em louvores e
agradeceres pela magnificência da vida.
Quatro dias de folia, alma inteira de festa
Invisto, então, novecentos e sessenta horas
num feliz e silencioso processo de busca à
compreensão da imensa generosidade divina.
VERBO
AOS COTOVELOS
Newton
Baiandeira
Minha
mãe me disse pra andar
na
linha e sonhar.
Pois
bem! Passei a vida nos trilhos
à
utopia de parar um trem.
Já
me acostumei aos atropelos
Por
ser verbo aos cotovelos
O
que pago só eu sei
O
trem me esmaga
Não
calo o berro
Renasço
à saga
Fênix
de ferro
Entre
trem e trilho
Renasço
e brilho
Porque
sou pedra
Porque
sou ita
Porque
minha alma bira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário