
CANÇÕES AO VENTO
Newton Baiandeira
Há que ser esmeradamente simples e, silenciosamente, gritar o
poema. Há que a canção encantar, indiferentemente de arranjos.
Diz-me o vento agudo sopro! Sigo atento à sonora ventania!
PALAVRAS DA ALMA
Newton Baiandeira
Não direi dos amores que tive senão o que a alma
emprestar-me à boca. Pois que foi de alma que amei
e de alma me acolheram.
Qualquer tremor dos lábios será de paixões intensas,
saudades imensas, pulsações agradecidas.
Amar a dor, assim como o amor que me foi tanto, e farto.
FIM DAS HORAS
Newton Baiandeira
O relógio na parede marcou as horas que eu vivi.
As que vivo, não sei. Ando tão ocupado em viver
a felicidade que me é farta, que não me sobra olhar
ponteiros que se cruzam no tempo, concatenando
lembranças de fins, induzindo a encerramentos.
Minha alma diz que o espetáculo não pode parar.
Eu ouço e sigo.
As horas passam.
Ora, que passem!
INDIFERENÇA
Newton Baiandeira
Não esperes por mim nem de mim, por que
não tornarei e nada terei a dar.
Não cantes por mim nem pra mim, pois não
serei eu nem terei ouvidos.
Não sintas de mim saudades, já que nunca me
perdestes, posto que nunca me tivestes.
SEMPRE ÁS CHAMAS
Newton Baiandeira
Somos poetas.
Então, expostos a tudo e todos, queremos a luz.
Há que ser à cruz? Que o seja!
Eis que se ilumine o mundo a lume de palavras.
ESTAÇÃO DAS ALMAS
Newton Baiandeira
Uns a toda calma, outros, vivas, palmas
Ao partir do trem da estação das almas
Nos trilhos da mente vão-se metalóides,
surdamente, a convenções de Freud.
Almas rendidas, quimeras vendidas,
vão-se os dedos, anéis que os valham.
Não Vale quanto pesa nem pesa quanto Vale o vale.
Imagem: Trilhos de Ferro. Arte confeccionada em pedras de minério de ferro, de Newton Baiandeira.
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