
LÁGRIMAS DO TEMPO
Newton Baiandeira
Chove,
lavando
a cárie
da boca
do lixo,
molhando
a alma
dos bichos.
* Do luxo ao lixo, o homem.
Do homem ao bicho, o mundo.
PRA ESQUINA DAS LETRAS
Newton Baiandeira
Vou por esta rua
Levo uma idéia
Quiçá, pela rua de lá
Venha a trazer-se uma rima
A gente se encontra e tal
Pra uma jóia de lavras
Um poema acidental
Na esquina das palavras
* Aqui não é um lugar, só um estado de espírito.
ALÉM DOS FESTIVAIS
Newton Baiandeira
Estrelas que não brilham mais
À luz da imaginação
À solidão dos festivais
Cruel censura de canções
Que anunciavam o novo
Preparando o povo com seus refrões
Desfazendo armadilhas
Preparando trilhas para os corações
Falta despertar na gente
Uma canção de luxo ao lixo cultural
Vidas que não tem desvios
Produções em frios tons comerciais
Impostações vazias
Sem a poesia de tempos atrás
Às invenções do omisso
Sem ter compromisso
Não me valem mais
* E tudo se transforma em carnavais
ACORDAR
Newton Baiandeira
Acordar e as janelas abrir
Ensaiar um bom dia pro sol
Respirar a manhã e sentir
Não há nada de novo no ar
A não ser o gás de uma velha
usina que explodiu
Apesar de todas as guerras
Vamos ser e cantar
Ainda temos alguma esperança
De amanhã
Acordar e as janelas abrir
Ensaiar um bom dia pro sol
Respirar a manhã e sentir
Não há nada de velho no ar
A não ser a paz de uma geração
que evoluiu.
* Ao redor de uma usina nuclear há mais: mundos, vidas
e aconteceres; realidade e poesia, sonho e criatividade.
ALÉM MAR
Newton Baiandeira
Longe do mar
Nalgum lugar da América
Imensidões, descobertas mil
Meu coração, qual navegador, vai
Pulsares tais, ondas a mais
Velas da paixão, navegações
Bússolas e rotas do amor
Pulsações, amores de além mar
De te buscar, navegar, navegar
De tão remar fiz mil cabrais
E te vais, mar e mares além
Além dos barcos, Além das velas
* Imagem Google