OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

BURRO ATÉ ENCOSTAR NA CERCA

Na linguagem que lhe era peculiar dizia Bastiana que o amor haveria de ser elegante, cordial e, principalmente, tolerante, compreensivo a humores e variações, caras e bocas do parceiro. Deveria o amante conceder ao amado o que lhe coubesse querer. Antecipar a oferta do que gostaria que a si fosse ofertado pela companhia.

“Esse negócio de só querer e mais querer sem nada dar estraga qualquer relação e desmancha casamentos que é uma beleza”. Esse papo para com as moças era sempre encerrado com a máxima: “marido, ruim com ele, pior sem ele”.

Se me encantava seu pensamento e seu falar sempre precedido de ações comprobatórias, a forma expressiva de linguagem e sua visão simplista e humanamente forte me levavam a contemplações constantes. A rigor, era a linguagem que eu queria pra minhas manifestações artísticas em que já, aos oito anos, projetava carreiras e profissões da área pra minha vida.

O rigor do jornalismo que impõe ao escritor formalidades, à extrema severidade eu achava que nunca poderia ser escritor. A não ser que freqüentasse por anos intermináveis as cadeiras das academias. Queria escrever, não a tão sacrifício!

“O estudo é base de tudo na vida. Ou você estuda ou vai ser burro até encostar na cerca!” Era ela no meu sempre! “Pra felicidade do espírito é sempre melhor que se fale exatamente o que se quer dizer. Pra escrever, se você souber o que quer dizer, o dicionário, pai dos burros, cuida de sinônimos bonitos pra cada palavra. Dá pra enfeitar tudo”.
“Só tem uma coisa, no fundo é tudo igual. Se você quer dizer bosta, qualquer outra palavra que o dicionário autorize poderá mudar a forma de expressão, mas vai feder na mesma intensidade. Bonita ou feia, merda, quanto mais mexer mais fede. Como nossa própria merda não deve atingir outros narizes, se queremos dizê-la bonito é melhor estudar muito antes de correr pro mundo”. Era ela, tudos e contudos costumeiros, minha mãe!

Aprendi a gostar de ler jornal com Dona Sebastiana e Seu Milino. Enquanto eles praticavam essa leitura quase diária, eu descobria ali os melhores momentos pra fugir pra arena de peraltices.

Estou, agora, lendo a matéria de um jornalista e quase posso tocar em sua angustiante vontade de impor sua verdade ao texto, de imprimir sua visão da história a uma matéria sobre o Haiti. Posso sentir seu sofrimento em se ater às vontades históricas e matemáticas, muitas vezes, injustas e não condizentes com os fatos.

Então, Bastiana, aqui não há merda escrita em sua acepção natural, mas fede pra danar.

Letra de Música:

A VIDA É BELA
Newton Baiandeira

Minha mãe plantou o coração
Á beira da linha do trem
Quando Juvenal se mandou
Numa carruagem pro céu
Seis filhos, nova e sem planos
Restaram só perdas e danos
Passam os anos, e ela com os olhos no trem
Mirando a vida da janela
A me ensinar os sonhos dela
Ó, como é bela a minha mãe vendo o trem
Minha mãe plantou o coração...
Me ensinou que ser honesto
Pode doer, mas é o correto
E que mais vale quem é do que quem mais tem
Poder mirar o seu espelho
Sem encarar olhos vermelhos
Entre conselhos, olhos parados no trem
Eu também plantei meu coração
Á beira da linha do trem
Quando Sebastiana se foi
Numa carruagem pro céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário