OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





segunda-feira, 19 de abril de 2010

DITOS POR NÃO DITOS DA BASTIANA

”Gastar bala com mosquito? Isso é coisa de gente fraca, insegura e/ou pretensiosa. Um homem tão forte e poderoso como ele não iria se curvar a reações contra quem considera menor, e é assim que ele nos vê, menores, e (mais pobres é o que ela queria dizer) não se curvaria a tamanha demonstração de fraqueza. Vestir tal indumentária o faria retroceder de suposto gênio a um reles detentor de vaidâncias, pretensiosidades e soberbices! Dizia a mãe a quase berros ao filho assustado e atento.

“Gente inteligente não se irrita ou reage precipitadamente. Reagir por deduções ou interpretações mal feitas, isso lá é coisa pra pseudócia. Ele, não cabe nele vestir carapuças. Ele é um senhor muito bem formado e por trás do jeito carrancudo um homem de bom coração. No máximo, minha criança, ele vai te passar um pito e só. Não é por qualquer capim seco que o burro vai dar coices. Pode dormir tranqüilo que o Bicho Papão não vai te pegar.”

Bastiana tinha uma forma peculiar de criar a prole. Suave ou ríspida, sua educação se sustentava em ditos populares ou frases que ela mesma inventava, num vasto repertório de espontaneidades.

Mas o menino não dormiria tão rápido sabendo que pesadelos o consumiriam naquela noite. Matara o pavão do Mestre? Nem tanto, mas, se não mentira ao confessar o crime, omitira seu potencial.

Na verdade, vira o cavalo baio e a égua rajada em pleno estado de cio. Pior, jogara pedra neles, como fazia com os cachorros trancados em cadelas.

“Ah, safado! Sem vergonha!” Gritara contra os eqüinos. O dono dos animais, sem que o menino percebesse, assistira a tudo. Seu grito ensurdecedor (“ah, moleque!”) fez o garoto sair em disparada pra qualquer mato mais perto, e lá, chicotes e talas, canivetes e facões, cintos e tacões de botas pisaram sua imaginação, rasgaram suas carnes e dançaram em sua alma.

Quase noite, voltara decidido a contar a mãe o acontecido. Omitiu as pedras atiradas e deixou à boa mostra apenas os xingos aos animais e a reação falada do Senhorzinho.

Não havia ali nenhuma carapuça buscando encaixes. O menino, deveras cometera o desastre e fantasmas, com toda a justiça, o puniam.

Bastiana dormiu certa de que gênios não se precipitam nem agem por interpretações ou suposições, sábios não se deixam vestir carapuças e grandes não se dão a pequenices. “Decerto ele compreenderá que o moleque não o xingara, referia se aos animais.”

O garoto, mea-culpa, fartou-se de lutas com dragões e almas de outro mundo por toda a noite.

O Senhor, sensato e lógico, deu o devido tempo ao fato e, maturação completa, procurou Bastiana e relatou o real acontecimento.

Por fim, contemplações consideradas, terríveis varas de marmelo conformaram apenas e oportunos pitos a sagradas promessas de “nunca mais eu faço, mãe!”.

LETRA DE MÚSICA

RUSTICIDADES

O que será do amanhã/

Além do Rogai por nós/

Se, quando a sós, Deus se negar/

Há que soltar a voz/

Há de brigar pelos seus direitos/

Feito um sujeito de bem/

Há que contar ideologias/

Ou ser escravo de alguém/

Há que pegar na construção/

Dar liga à massa, ralar/

Há que inventar, criar, fazer/

Acontecer, ganhar/

Há que suar o seu próprio rosto/

Pra ver o gosto que tem/

Há que aprender quanto vale a luta/

Para ser um homem de bem/

Sem nada mais a dizer/

Muito prazer, siga em paz

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