
CAMINHADOR
Newton Baiandeira
Caminho
Vou a Caminha
Ver a vinha
Sorver-lha o vinho
Embriagar-me em fado.
Vou a Serpa
Ser “Pasárgada”
Vê-la em mim.
Além Tejo
Alentejo-me
De alegorias
De olivais
De olarias.
Terras e mares
Vou a cantares
De almas livres
De alma livre.
SONHAR
Newton Baiandeira
De pés no chão
Ao largo abismo
Em profundo sono
Ou à luz do caos
Os sonhos nos mudam
Mudamo-nos, mudamos o mundo!
Há que sonhar o homem
Há que mudar o mundo!
O CORVO BLUES
Newton Baiandeira
Meu coração
Sangra aos borbotões á luz
Um fino facho de lume
Um traço de um punhal
Insólito punhal
Fina lâmina
Insólita paixão
Arrastão, fundo caos, vendaval
Que sangre mais
Tudo se refaz à luz
Vai-se o corvo
Amar de novo se entregar
Depois do temporal
Alma em pânico
Inventa carnavais
Novo amor, nova dor
Novo horror
Sangra mais
FADAL
Newton Baiandeira
Havia um Fado nesse palco.
Ele se foi.
Talvez, buscasse um verso ausente.
Uma rima desgarrada? Sei lá!
Só sei que ele se foi
E o máximo que me permite é esse
tablado, encharcado de sua magia.
RESUMO DE MIM
Newton Baiandeira
Não tenho ofício nem vício
Só o início de cada cousa
E o que repousa de mim
Não dorme nem se recolhe
Busca vestígios de alguma coisa.
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