MULHERES
Newton Baiandeira
Eu respeito essa mulher
Que produz da fé a decisão
Eu desejo essa mulher
Que transcende a chama da paixão
Entre orgasmos e lençóis
Sem perder o fio da razão
Pelos labirintos do poder
A cidadania de batom
Vai traçando um novo tom
Na cisão cirúrgica do caos
Cúmplice, parceira natural,
Mãe, mulher, amiga, pai, irmã
Brasileira ou afegã
O amor é um laço universal
Brilhará
Sempre quem compreender a luz
Carregarão a cruz do sol
Os homens da paixão fugaz
Que não apostam no amor
Útero, a liberdade efêmera
Se eternizará no amor
Todo futuro é fêmea,
Todo o universo é prazer
JÚLIA
Newton Baiandeira
Júlia, pega uma estrela no céu
Pra iluminar sua estrada, vai
Deixa seu corpo rolar
Júlia, todo o universo é você
No coração de quem fica aqui
Pelo prazer de te ver
Jura que nosso amor será
Sempre, esteja onde estiver
No azul do céu, na terra ou no mar
Mais do que o chão
As ondas, o sol, o luar.
AMÉRICA DO AMOR
Newton Baiandeira
Nada poderá atrapalhar meus planos
Tudo que juntei por todos esses anos
Sonhos por viver na dimensão da vida
Trilhas que paguei viagens proibidas
Nada impedirá meus planos
De romper o tempo, voar
Sou uma mulher americana
Neo-latina além do Equador
Infinita, livre, leve e solta
Ave de alma exposta, meu amor
Nada no mundo se cria
Tudo transforma-se em mim
Loba regada de luas de marfim
Libertas Quae Sera Tamen
Na linha do Equador
Na plenitude da América do amor
JULIETA
Newton Baiandeira
Ó, Julieta!
Em que gaveta desses de se trancar?
Em que lugar se esconde?
Me diz aonde que eu chego já!
Vou lhe beijar o beijo mais fundo
Que o mundo viu beijar
Vou semear seu colo profundo
Pra vida se alastrar
Qual luz de uma estrela
Só quero vê-la a me guiar, guiar
No rumo a passo lento
Sem desavento pra me atentar
Um riacho, um cacho de prazer
Um amanhecer de rouxinóis
Seda nos lençóis
Linda de se ver,
Uma casa branca de sapê
Se você estiver ouvindo esta canção
Se quiser meu coração é só dizer
Que eu vou viver a vida até morrer
Só pra te amar, só pra te amar
Só pra te ama.
NAS TRINCHEIRAS DAS PAIXÕES
Newton Baiandeira
Amava Júlia Ana
Solenemente Ana
Dois amores tão iguais
No abismo das paixões
Dançava Júlia
Ana cantava soberana
Em profanas traduções
Das trincheiras do amor
Duas almas nuas em fulgor
Contornando luas de amor
Quando a luz do sol
Desatava o nó
Julia e Ana se fundiam numa só
Ruborizada Ana
Alucinada Júlia
Duas almas numa só
Revelando o amanhecer
Desviando as plagas, contornando a multidão
Em segredo Ana e Júlia Juliana são
Amedrontada Júlia
Amenizante Ana
Duas almas numa só
Revelando o amanhecer
À luz que irradia
O amor de cada dia
Ana e Júlia vão iguais
Nas trincheiras das paixões
HELENA DE PRIMO
Newton Baiandeira
Essa escultura parece uma helena
Qualquer uma helena que venha do mar
Qualquer estrela que seja morena
Qualquer uma helena
Mulher que será
Que sai do prumo, escapa do limo
Helena de Primo que eu fiz batizar
Que seja fêmea, irmã, mãe e filha
Um pai de família
Que saiba enfrentar
Que tenha no rosto
As marcas de agosto
Que tenha nos ombros
A marca da cruz
Que seja Jesus, Maria e José
Um barco de fé
Que assuma esse mar
Eu fiz helena por falta no entalhe
Não fosse um detalhe
Um sopro vital
Seria só uma estátua no limo
Helena de Primo Fulana de Tal.
MUSA
Newton Baiandeira
Os olhos dela são templos
Deuses e ventos cantam a música
Os seus cabelos são teias
Elos, cadeias de sóis verânicos
Em sua boca as palavras têm
Ritmo, vida
Alma perdida no seu batom
Teço em tons o amor
Ando pra lá de ciúmes
Do seu perfume de aura oceânica
Óleos de brisas botânicas
Meu supersônico
Meu amor
MARIA RITA
Newton Baiandeira
Chego ao pôr-do-sol num caminhão
Corpo ensopado de suor
Ela me espera no portão
Coisa bonita de se ver
Maria Rita, meu amor
Se achega em mim caudalosa
Com cheiro de rosa, flor mais bela
Se enrosca no meu pescoço com tanto alvoroço
Gosto dela!
Serve o jantar como se serve ao céu
Uma oferenda banhada de mel
Comida em farto tempero de amor
Sob os lençóis, mil carinhos de amor
Mal fecho os olhos e o despertador
Avisa a hora e lá vem caminhão
De novo trabalhar
Pra poder sustentar Maria Rita.