OLÁ, AMIGOS!

Como retribuir ao universo a dádiva da vida, pensava. Agradecendo a Deus todos os dias. Dividindo com o mundo o que de melhor me ocorresse na alma, o que eu mais amasse em mim. E respondia à minha própria busca: Arte, a única coisa que diferencia os homens. Eis então minha oferenda ao mundo, minha contribuição para a humanidade: minha arte. Melodia como veículo de minha poesia e vice-versa, minha arte sou eu, levando a quem quiser ouvir minha forma de compor, escrever e cantar o universo e o acontecer das coisas que vivencio. O que canto ou escrevo é o que há de mais profundo em meu coração. Rogo por agradar a quem me ouvir ou ler. Benvindos e obrigado pela visita! Newton Baiandeira





sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VERDES ECOS DA AMAZÔNIA

“Engana-se quem pensa que Carlos era triste...”

Thiago de Mello me trouxe um novo Drummond. Sem as sombrias representações, tão e então a mim historiadas e, às vezes, compreendidas na obra do Itabirano, a nova imagem desvendou em mim, mistérios que havia entre o mito e o homem Carlos. Ao relato da sua longa e intensa convivência com o Poeta Maior, Thiago de Mello era bálsamo à minha ferida. Eu reencontrava ali o menino do balão, o espírito lúdico.

BUTECO CULTURAL

Madeira entalhada à porteira anunciava o São Francisco De Minas no sempre novo Caminho Novo: “Boteco não, buteco! E noves fora, meu!”
O primeiro freguês tinha direitos: não pagava a primeira dose nem o primeiro tira-gosto, e podia escolher a primeira música. Sebastião Silvatara era a chave que abria e, ás vezes, fechava o etílico.

- “Baiandeira, São Francisco de Minas é muito grande. Aqui devia chamar Buteco Cultural.”
- Ô, Tião, mas todo boteco é cultural!
- “Pode ser, mas o que tem Sebastião SIL- VA-T A-R A é mais, noves fora!”
- São Francisco é santo, é rio...
- Noves fora, Alá os capetas se afogando em pinga! (Risos de boca inteira)
- Você não sabe o que diz, Tião!
- E você? Sabe por que é que o cabrito caga redondo?
- Não, não sei. E daí?
- Ué, você não entende de bosta e quer entender de buteco mais do que eu? Se me der mais uma na risca do copo, eu canto. E melhor que você. Eu sou Tião SIL- VA-T A-R A, eu sei das coisas!

Três dedos da Caninha de Ferros e ele abria a goela:
“Vou te contar como vai ser meu casamento
Com a filha do sargento da Guarda nacional
Já comprei calça, paletó, camisa fina
Só me falta uma botina de pelica especial...”

Não sei qual saudade ecoa mais em mim, se a do primeiro boteco ou do primeiro freguês. Nem se mais silva ou tara. Sei que em Ita o mato é dentro!

Letras de Música:

CICLO
Newton Baiandeira
Nascer, acesa a luz, brincar/
Correr sem se prender ao amanhã/
Sorrir, acontecer, ganhar o sol/
A vida é cheiro de hortelã/
Voar no tobogã; roda gigante/
O sonho preso num barbante/
A vida em volta de um balão/
Rolar nos movimentos do planeta/
Não há boi-da-cara-preta/
Não existe solidão/
Crescer, sonhar, não ter, lutar, sofrer/
Desaprender a ser feliz/
Juntar, poupar, adoecer, juntar/
Poupar riquezas pra amanhã/
Futuro pronto, o coração tá cheio/
Uma carta do correio/
Diz que é o fim da ilusão/
Chorar, se arrepender e rogar praga/
De repente a luz se apaga/
E é o fim da canção.

DEMORAS
Newton Baiandeira
Quem rebusca esmera. Vive à espera, angustiosa, terrível.

De tão rebuscado traço, não há esmero de olhar tão perto e hábil que faça cooptar seu tempo.
Tanto rebuscar no fazer... Delonga o prazer da contrapartida.

Em tão estado de solidão, não lhe ocorre ignorâncias tais nem se lhe permite à vaidade consentir indiferenças.

Senãos contados, de sanar-lhe a dor de ego ferido só o tempo dará cabo.

DE PRA
Newton Baiandeira
Rir é sempre de. Sorrir é pra.
Sorria pro riso! Não é ordem, mas é uma questão de estado!

Homem é de. Pessoa é pra. De homem pra homem, somos, de mundo pra mundo, fundados, fadados, findados,pensantes e então errantes. Imensos e fundos.

Tanta grandiosidade, não lhe cabe ocos e pequenices!


A ARTE NO MURO
Newton Baiandeira
Nem de Sartre, nem de Fidel, de Berlim ou China. Nem de pedras ou rosas.
Nem de tucanos ou de urubus; a dividir vontades e idéias. Muros deveriam servir somente às artes e encartes. Espaço de contato entre os olhos e o simples belo
Reações, transgressões: imagens inipócritas do eterno conflito entre bem e mal.
Cabem ás manifestações e expressões do espírito como luvas ao dedo de Deus.
Mais que divisor, um elo entre liberdades: eis ao que serve um muro.

Um comentário:

  1. Bom dia
    Me emocionei ao ver um trexo de uma música em que minha vó cantava para mim quando eu ainda era muito pequeno. Infelizmente não lembro dela toda mais se você podesse contribuir para resgatar esse preciosidade em minha memória ficaria muito agradecido. O trexo em que você postou foi o seguinte:
    “Vou te contar como vai ser meu casamento
    Com a filha do sargento da Guarda nacional
    Já comprei calça, paletó, camisa fina
    Só me falta uma botina de pelica especial...”

    Se poder me enviar a musica completa ficarei muito grato.
    Jhoab
    meu e mail: jhoabsilva@hotmail.com

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